Presidente da Faeal faz balanço de 2020 e fala sobre as expectativas do agro para 2021

Mesmo em meio a uma pandemia que praticamente parou o mundo, o agronegócio brasileiro seguiu contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país. Em Alagoas não foi diferente. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado e Alagoas (Faeal), Álvaro Almeida, conversou com o jornal Gazeta Rural sobre o assunto. Confira a entrevista na íntegra:

Gazeta Rural – Presidente, como o senhor avalia o desempenho do agronegócio em 2020?
Álvaro Almeida – No último mês de outubro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou um levantamento que mostra que o Produto Interno Bruto do agronegócio acumulava alta de 6,75% no ano. Em Alagoas, fomos agraciados com um 2020 bom de chuvas e isso favoreceu o crescimento das safras de grãos e de cana-de-açúcar. O cenário de exportações também foi favorável, visto que Alagoas exporta 85% da cana que produz. Os preços dos nossos produtos subiram de forma a remunerar melhor os produtores e os resultados estão aí, com excelentes safras de cana, milho, soja, sorgo e algodão.

Gazeta Rural – Quais foram as principais dificuldades para o setor?
Álvaro Almeida – Uma delas ainda é a cota de isenção para importação do etanol, que o Governo Federal aumentou de 600 para 750 milhões de litros. A importação sem impostos afeta os preços para quem produz aqui, por isso, a Faeal e outras entidades realizaram uma campanha de sensibilização para que o alagoano consumisse o etanol produzido em Alagoas. Outra dificuldade enfrentada este ano foi a suspensão do Programa do Leite, por conta da descontinuidade no repasse das verbas federais, mas o Governo do Estado empreendeu esforços, conseguiu assumir o passivo e retomar a iniciativa com o apoio da bancada alagoana na Câmara Federal.

Gazeta Rural – E quais os principais avanços do agro alagoano em 2020?
Álvaro Almeida – Tivemos a inauguração de mais uma etapa das obras do Canal do Sertão em Alagoas. Além disso, o Estado anunciou o investimento de R$ 1,5 milhão para a construção de barragens subterrâneas, pleito conduzido pela Faeal, como forma de garantir água para os pequenos produtores das regiões mais secas do estado. No âmbito nacional, a CNA obteve diversas conquistas para os produtores rurais, como a prorrogação do crédito rural e da isenção do IOF, e a liberação de R$ 500 milhões para o Programa de Aquisição de Alimentos, apenas para citar alguns exemplos.

Gazeta Rural – Mesmo em meio à pandemia, o Senar Alagoas não parou. Que balanço o senhor faz deste trabalho?
Álvaro Almeida – O trabalho do Senar Alagoas beneficiou mais de 2 mil alagoanos em 2020. O Senar prestou assistência técnica e gerencial a 1.100 produtores rurais, em 18 municípios, 1.010 deles pelo Programa Agronordeste, nas cadeias de avicultura, bovinocultura, fruticultura, olericultura, ovinocaprinocultura, apicultura e piscicultura. Nas áreas de Formação Profissional Rural e Promoção Social, apesar da pandemia, cerca de 900 alagoanos foram capacitados. Já na educação formal, inauguramos mais seis polos de apoio presencial e atendemos 161 estudantes em cursos do Senar. Também capacitamos alunos no curso de Mecânico de Manutenção de Tratores, pelo Programa Jovem Aprendiz. Vale ressaltar que, para 2021, temos vagas abertas para os cursos a distância da Faculdade CNA, ofertados pela primeira vez em Alagoas, e para o Curso Técnico em Fruticultura, nos polos de Arapiraca e Palmeira dos Índios.

Gazeta Rural – Quais as demandas prioritárias de Alagoas para 2021?
Álvaro Almeida – Precisamos continuar avançando na conclusão das obras do Canal do Sertão e investir na construção de abatedouros públicos, com as devidas condições sanitárias. Também é preciso implantar novas políticas públicas para o semiárido e fortalecer as de regularização dos débitos rurais, para garantir a retomada dos investimentos. 

Gazeta Rural – Quais as perspectivas para o setor em 2021 e que mensagem o senhor deixar para o próximo ano?
Álvaro Almeida – A CNA estima que o PIB do Agronegócio crescerá 3% em 2021, o equivalente a cerca de R$ 1,8 trilhão. Em Alagoas, não tenho dúvidas de que os produtores rurais alagoanos continuarão desenvolvendo suas atividades e contribuindo para o desenvolvimento do Estado. A esses produtores rurais, peço o apoio na Contribuição Sindical Rural, para que o nosso trabalho em sua defesa continue. Temos inúmeras conquistas, mas precisamos avançar muito. Por fim, a todos os alagoanos, reitero o desejo de um ano novo repleto de amor, paz, saúde e conquistas.

Senar capacita 2 mil alagoanos em ano de pandemia

Em um 2020 marcado por uma pandemia de escala mundial, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – seguiu promovendo ações de assistência técnica e gerencial, formação profissional rural e promoção social que beneficiaram cerca de 2 mil alagoanos, sobretudo, pequenos produtores e familiares em todo o estado.

Aproximadamente 1.100 produtores receberam assistência técnica e gerencial do Senar em Alagoas, dos quais, 90 por um programa próprio da instituição e 1.010 pelo Agronordeste, iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em parceria com o Sistema CNA/Senar e a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – Anater. Em Alagoas, com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária – Faeal –, a regional do Senar colaborou para a melhoria, o aumento da produção e da renda em 18 municípios, nas cadeias de avicultura, bovinocultura, fruticultura, olericultura, ovinocaprinocultura, apicultura e piscicultura.

“Se o trabalho de assistência técnica e gerencial do Senar Alagoas já contribuía significativamente para a profissionalização e o aumento da produção nas pequenas propriedades rurais, a abertura de novos mercados e a geração de renda para as famílias, na pandemia este trabalho ganhou ainda mais importância. Em um determinado momento, foi preciso fazer atendimentos remotos, até mesmo por telefone, com os produtores que não dispõem de internet, mas o Senar não parou”, destaca o superintendente do Senar Alagoas, Fernando Dória.

“Os resultados são impressionantes. Tem agricultor que recuperou uma plantação totalmente destruída por pragas em pouco mais de 20 dias, bovinocultores de leite que aumentaram o lucro mensal em até 650%, avicultora cujas aves começaram a produzir após oito meses sem pôr um ovo sequer. Estes são apenas alguns exemplos da competência e comprometimento dos nossos técnicos de campo e de como o Senar é capaz de mudar a vida das pessoas”, comenta Luana Torres, coordenadora de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Alagoas.

FPR e PS
O trabalho do Senar Alagoas com os cursos de Formação Profissional Rural – FPR – e Promoção Social – PS – em 2020 também produziu resultados muito significativos em um contexto de pandemia. Foram cerca de 900 alagoanos capacitados. “Executamos 66 ações durante o ano, com a participação de 663 pessoas, em 22 municípios. Promovemos cursos em diversas áreas, como agricultura, agroindústria, aquicultura, pecuária, atividades de apoio agrossilvipastoril, educação e saúde”, afirma a coordenadora do Departamento Técnico, Graziela Freitas.

Na educação formal, o Senar Alagoas inaugurou mais seis polos para o Curso Técnico em Agronegócio, entre outros, com o ingresso de 125 alunos. “Ao todo, atendemos 161 estudantes. Já as ações do Programa Jovem Aprendiz foram praticamente suspensas, por conta da pandemia. Ainda assim, capacitamos 23 alunos no curso de Mecânico de Manutenção de Tratores. Muitos desses jovens são contratados pelas empresas parceiras e isso é importante para fixá-los no campo, dar a eles uma perspectiva melhor de futuro profissional e contribuir para a geração de empregos e renda nas áreas rurais”, avalia Graziela.

Outras ações
O Programa Mais Pasto, iniciativa do Senar Alagoas voltada para pequenos e médios pecuaristas que une capacitações periódicas, consultorias coletivas e assistência técnica mensal nas propriedades registrou 153 visitas a 18 fazendas, em 15 municípios, além das aulas teóricas para os produtores realizadas na sede da instituição.

O Senar Alagoas também divulgou o Boletim Técnico 2020 do Programa Forrageiras para o Semiárido – Pecuária Sustentável, com o objetivo de fornecer informações que auxiliem o produtor rural a escolher as plantas forrageiras mais adequadas para o seu sistema de produção. O boletim sugere um cardápio forrageiro elaborado a partir das características físicas e químicas do solo e da avaliação do clima durante os últimos dois anos. 16 plantas foram testadas, seis para produção de silagem, outras seis para a implantação de pasto e quatro tipos de palma para poupança forrageira.

Expectativas para 2021
Novos grupos de assistência técnica e gerencial continuam sendo mobilizados em Alagoas, seja pelo Agronordeste ou pelos programas próprios do Senar. Além disso, no último mês de novembro, a instituição firmou um convênio com o Sebrae Alagoas que visa contribuir para o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas da fruticultura e horticultura nas regiões do Sertão, Agreste e Zona da Mata do estado.

A parceria Senar e Sebrae é voltada para 210 pequenos negócios, agroindústrias, cooperativas e empreendimentos rurais e urbanos com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões. Ao todo, 1.965 pequenos produtores rurais e familiares serão beneficiados com capacitação técnica e gerencial, ações de formação profissional rural – para agregar valor à produção e estimular a inserção nas compras governamentais e no mercado privado –, e por meio da metodologia do Programa Negócio Certo Rural, que ensina o produtor a empreender, desenvolver e administrar a propriedade como uma empresa. O prazo de execução do programa é de 27 meses.

Na área de educação formal, a grande notícia é a chegada da Faculdade CNA a Alagoas, no Polo Maceió, que está com processo seletivo aberto para os cursos a distância em Gestão do Agronegócio, Processos Gerenciais, Gestão Ambiental e Gestão de Recursos Humanos. Em 2021 também começam as aulas do Curso Técnico em Fruticultura do Senar, que é gratuito, de nível médio e está com inscrições abertas para os polos de Arapiraca e Palmeira dos Índios.

Faeal, Senar e Emater discutem parceria em benefício dos pequenos produtores alagoanos

Gestores da Faeal, Senar e Emater discutem parceria

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas – Faeal –, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – e o Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas – Emater – iniciaram um processo de articulação para aproximar as ações de assistência técnica e as políticas que as instituições desenvolvem e beneficiam pequenos produtores rurais de todo o estado.

Os presidentes da Faeal e do Conselho Administrativo do Senar, Álvaro Almeida, e da  Emater, Adalberon Sá Júnior, iniciaram as tratativas na manhã desta segunda-feira, 14, em reunião na sede da Federação da Agricultura. O encontro contou com a participação do superintendente do Senar em Alagoas, Fernando Dória, e da superintendente de Operações Técnicas da Emater, Rita de Cássia Lima. Uma nova reunião para discutir a parceria, desta vez com as equipes técnicas das duas instituições, será agendada para a primeira semana de janeiro.

“Hoje o Senar Alagoas desenvolve ações de assistência técnica e gerencial, a exemplo do Programa Agronordeste, a Emater promove assistência técnica e extensão rural, portanto, estamos discutindo como complementar essas políticas. Se a gente fortalece essa parceria, soma essas forças, alcança ainda mais produtores”, afirma o presidente da Emater, Adalberon Sá Júnior.

Com a parceria, o produtor rural que já tem acesso à assistência técnica e gerencial do Senar Alagoas também terá todo o suporte e as orientações necessárias para a emissão da Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP – e a inclusão em programas de compras institucionais, como os de Aquisição de Alimentos – PAA – e de Alimentação Escolar – Pnae. Por outro lado, a ideia é que técnicos de campo da Emater e produtores rurais assistidos pelo Instituto de Inovação também sejam capaciados em ações do Senar.

“Não há dúvidas de que as ações conjuntas do Senar e da Emater, duas instituições que são referência de relevantes serviços prestados à população do campo, representará um ganho significativo em melhoria e aumento da produtividade, sobretudo, dos pequenos produtores rurais. O nosso objetivo é agregar outros agentes neste processo de aproximação de políticas e ações, para que possamos, juntos, fazer mais pelo pequeno produtor e com menos recursos”, comenta o presidente da Faeal e do Conselho Administrativo do Senar Alagoas, Álvaro Almeida.

 

Senar promove assistência técnica para produtores de Girau do Ponciano

Maria Eduarda Xavier*

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – está beneficiando pequenos produtores do município de Girau do Ponciano, no agreste do estado, por meio do Programa Agronordeste. O trabalho começou com um grupo de 30 bovinocultores de leite e mais dois grupos estão sendo mobilizados, nas áreas de piscicultura e apicultura.

Ao todo, 90 famílias devem ser assistidas. Com duração média de 2 anos, o programa oferece assistência técnica e gerencial, com a visita mensal de técnicos de campo às propriedades. O objetivo é promover melhorias nas técnicas de manejo de animais e culturas na gestão em ambiente rural.

Para o secretário de Agricultura de Girau do Ponciano, Maciel Oliveira, a parceria entre o Senar Alagoas e o município vem trazendo qualidade de vida aos produtores e familiares. “Nós sempre buscamos os serviços do Senar por ser uma referência de qualidade. Com o lançamento do Programa Agronordeste, enxergamos a oportunidade de prestar assistência técnica e gerencial para esses pequenos produtores”, observa.

“As expectativas com a formação das novas turmas de piscicultura e apicultura são muito boas em virtude do sucesso que o grupo de bovinocultura de leite está apresentando, com ótimos resultados”, comenta Sidney Rocha, supervisor de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG – do Senar Alagoas.

Parceria
O trabalho de assistência técnica e gerencial do Senar Alagoas, tanto pelo programa Agronordeste, iniciativa do Governo Federal, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA – e Anater, quanto por programas locais se dá em parceria com prefeituras e sindicatos rurais, para grupos de 30 produtores de uma mesma cultura.

As secretarias de agricultura dos municípios ou sindicatos rurais podem entrar em contato com o Senar por meio do telefone (82) 3217-9826 – atendimento das 8h às 14h – ou enviar e-mail para luana@senar-al.org.br.

* Estagiária sob supervisão.

Agronordeste: bovinocultores de leite de Major Izidoro aumentam lucro mensal em até 650%

Alguns produtores do município de Major Izidoro vêm mudando hábitos antigos, adotados na bovinocultura de leite, graças à assistência técnica e gerencial do Programa Agronordeste, executada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas.

Com acompanhamento mensal e a elaboração de um plano estratégico, a realidade da atividade leiteira vem melhorando a cada dia. O planejamento dá ao produtor rural a capacidade de traçar metas e ter o controle de toda a produtividade do seu rebanho. A partir da adoção de novas práticas, o bovinocultor já observa melhorias na economia da propriedade.

Há registros de produtores que aumentaram o lucro mensal de R$ 1,2 mil para R$ 9 mil, e de R$ 4 mil para R$ 10 mil. Tudo isso como resultado de pequenas mudanças adotadas em cinco meses de assistência.

“Outro fator que contribuiu para o aumento da renda dos bovinocultores foi a valorização do litro do leite, que no início da pandemia chegou a custar menos de R$ 1,00 – com restrição de repasse somente em uma ordenha diária – e hoje está em torno de R$ 1,70, com repasse das ordenhas da manhã e da tarde”, explica a zootecnista Edivânia Salvador, técnica de campo do Senar Alagoas.

Desde o início do trabalho em Major Izidoro, as seguintes medidas foram adotadas e incluídas no plano estratégico de cada propriedade: melhor controle reprodutivo das vacas e novilhas; secagem de vacas; controle leiteiro; seleção de animais por produção; e medidas de higiene (adoção de boas práticas de ordenha; ambientes arejados que proporcionem bem-estar para os animais e para o ordenhador).

Com as indicações necessárias, os produtores rurais passaram a ter uma visão empresarial do seu negócio e a observar os resultados positivos gerados com o emprego da gestão e o controle na propriedade.

 

Avicultora é assistida pelo Senar e aves começam a produzir após quase um ano de prejuízos

Na primeira vez em que chegou ao Sítio Bananeira, no município de Olho D’Água das Flores, em meados do último mês de março, o zootecnista e técnico de campo do Senar Alagoas Ícaro Victor encontrou uma avicultora desmotivada e sem qualquer resultado positivo em sua criação. Com cerca de 8 meses de idade, as galinhas de Silvianne Monteiro Bezerra ainda não haviam posto um ovo sequer. Amargando prejuízos, a produtora já estava desistindo da atividade.

O curioso era que as galinhas da propriedade vizinha, adquiridas no mesmo lote, punham ovos normalmente. “Observei vários fatores que influenciavam negativamente na postura das aves da Dona Silvianne: falta de pasto (alimento verde) para as galinhas; ausência de sombra para os animais em períodos mais quentes do dia, de poleiros e ninhos; e um ambiente de postura inadequado”, relembra Ícaro.

O trabalho de assistência técnica começou pela alimentação das galinhas, que passaram a receber mais alimentos verdes, ração formulada e na medida diária exata. Resolvidos os problemas alimentares, o foco passou a ser a infraestrutura de criação. Uma divisória foi retirada para aumentar o espaço interno do galinheiro, onde foram instalados alguns ninhos para estimular a postura e poleiros, que são de suma importância para o conforto dos animais à noite e também os protegem de ataques de predadores.

O galinheiro foi todo revestido com cortinas de lona e o ambiente escuro ficou mais propício à postura. Para evitar tumulto e garantir a presença apenas das galinhas que têm interesse em pôr ovos naquele determinado momento, foram distribuídas várias fontes de água e ração na parte externa.

Além do alimento verde que é colhido fora dos piquetes e ofertado aos animais, uma outra área foi cercada durante o inverno para eles terem acesso no verão. E para aumentar a área de sombreamento, foi construído um sombrite totalmente sustentável, utilizando-se apenas madeira da própria propriedade e palhas de coqueiro.

Gerenciamento
Foi também por meio da assistência técnica e gerencial que Silvianne Bezerra aprendeu a produzir a ração para as aves, o que diminuiu as despesas, a mensurar custos de produção e gerenciar os lucros. Hoje, o lote de 30 galinhas produz uma média de 25 ovos/dia e a produtora está muito feliz com o resultado. Tanto que já programou a compra de mais 50 animais e se planeja para um ano de 2021 bem mais produtivo.

“Antes da assistência, a gente não anotava nada, não sabia quantos ovos tinha, quantos vendia, entregava o produto pelo preço que a pessoa desse. Mas Ícaro trouxe umas folhas para a gente preencher, orientou sobre o que era possível fazer, viu a nossa dificuldade, de quem não tem muito dinheiro para investir, e nos ajudou a adaptar as coisas que a gente já tinha para melhorar. E melhorou”, reconhece a avicultora.

Programa Agronordeste avança em Alagoas

Número de produtores beneficiados com a assistência técnica do Senar aumentou 98,6% nos últimos três meses

O Programa Agronordeste continua crescendo em Alagoas. Quatro novas turmas foram abertas entre os meses de setembro e outubro, nos municípios de Craíbas, Piranhas, Jacaré dos Homens e Traipu. Hoje, 596 pequenos e médios produtores rurais são beneficiados com a assistência técnica e gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas. Um crescimento de 98,6% se comparado aos 300 produtores atendidos, por meio do programa, até meados do último mês de julho.

Nos quatro novos municípios, a assistência técnica é voltada para bovinocultores de leite. “Técnicos de campo visitam as propriedades rurais e capacitam pequenos e médios produtores que já comercializam parte da produção, mas ainda encontram dificuldades para expandir o negócio. Com isso, o programa aumenta a cobertura da assistência técnica; amplia o acesso e diversifica mercados; promove e fortalece a organização dos produtores; garante segurança hídrica e contribui para o desenvolvimento de produtos com qualidade e valor agregado”, explica Luana Torres, coordenadora de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Alagoas.

Ao todo, 19 turmas de produtores rurais estão sendo capacitadas pelo Senar Alagoas, por meio do Agronordeste. A assistência técnica e gerencial contempla cinco cadeias produtivas: avicultura; bovinocultura de leite; fruticultura; olericultura e ovinocaprinocultura.

As ações acontecem em 12 municípios do semiárido alagoano, região considerada prioritária pela capacidade de desenvolvimento e carência de assistência técnica. As cidades são: Água Branca; Belo Monte; Craíbas; Delmiro Gouveia; Estrela de Alagoas; Jacaré dos Homens; Major Izidoro; Olho D’Água das Flores; Palmeira dos Índios; Piranhas; Traipu; e São José da Tapera.

Nas próximas semanas, o Senar Alagoas deve iniciar o trabalho no município de Girau do Ponciano, também para bovinocultores de leite. Há ainda a perspectiva de criação de turmas nas cidades de Olivença e Arapiraca, entre os meses de novembro e dezembro.

Programa
O Agronordeste é um plano de ações criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa – e desenvolvido em parceria com instituições como a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária – CNA – e a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – Anater. Tem por objetivo impulsionar o desenvolvimento econômico, social e sustentável do meio rural da região. A estimativa do Governo Federal é beneficiar 1,7 milhão de pessoas do meio rural, em 230 municípios dos nove estados do Nordeste e parte de Minas Gerais.

Em meio à pandemia, horticultor atendido pelo Agronordeste aprende a produzir suas próprias mudas e expande negócio

O horticultor Romério Agra de Melo encontrava-se em uma área restrita de produção, no povoado Lagoa Queimada, município de Olho D’Água das Flores, sertão de Alagoas. Cultivava algumas folhosas, tinha o objetivo de diversificar os produtos, mas não sabia o que produzir a mais, nem como gerenciar o negócio.

Com a pandemia de covid-19, Romério continuou as entregas em restaurantes e supermercados. Inicialmente, sua economia não foi diretamente afetada, mas o fornecimento de mudas oriundas do município de Arapiraca ficou comprometido por conta das barreiras sanitárias, o que dificultou o plantio de folhosas como alface e couve, as principais em sua horta.

As demandas continuavam a chegar, e a oferta em declínio. Com as orientações da assistência técnica e gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas –, por meio do Programa Agronordeste, Romério conseguiu produzir suas próprias mudas – antes disso, ele nunca havia tido sucesso na germinação.

“A área foi aumentada. Hoje ele produz tomate, beterraba, cenoura, continua com as folhosas como coentro, couve e alface, montou uma estufa para produzir suas mudas e um sistema de irrigação”, relata a engenheira agrônoma e técnica de campo do Senar Alagoas, Tatiana Salvador, responsável pelo atendimento ao produtor.

Segundo o horticultor, a assistência técnica também foi importante para o controle de pragas. “Tinha um ataque de borboletas e lagartas na couve, a técnica do Senar Alagoas me orientou a utilizar uma armadilha com casca de ovo e a situação melhorou. A gente tem que lidar com muitas pragas aqui e essa orientação ajuda a garantir a produção, com soluções naturais para quem produz sem o uso de agrotóxico”, diz Romério.

Aos poucos, o sonho de Romério começa a se tornar realidade. Suas entregas são constantes, a renda e a procura por seus produtos aumentaram, o horticultor está se tornando referência no município.

Agronordeste: assistência técnica melhora produtividade de avicultores em Água Branca

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – tem auxiliado 30 pequenos produtores de Água Branca, município localizado no Sertão do estado, a 308 km da capital Maceió, para aumentar produtividade da avicultura. O trabalho de assistência técnica e gerencial, pelo Programa Agronordeste, começou em abril e já rende bons resultados.

Na propriedade de Sandro Malaquias, no povoado Serra do Poder, o zootecnista e técnico de campo do Senar, Diego Damasceno, encontrou aves não indicadas para a avicultura de postura. “Nos próximos meses, essas aves serão retiradas, com peso ideal para abate, e faremos a mudança, com a compra novas pintinhas adequadas para a atividade que o produtor escolheu”, explica Damasceno.

O técnico de campo também identificou, na primeira visita técnica, que as aves estavam com gogo, uma doença infecciosa que inibe o apetite e provoca prejuízos, tanto no ganho de peso, quanto na postura. “Elas foram medicadas e nós também trocamos a ração. Depois disso, passaram a se alimentar melhor, aumentaram o peso e até algumas que não estavam pondo, agora estão”, observa Diego.

Para Sandro Malaquias, o trabalho de assistência técnica traz conhecimentos necessários ao sucesso da produção. “A gente nunca tinha criado aves, aconteceram alguns problemas, as galinhas chegaram a adoecer, atrasaram na postura. Com a visita do técnico, ele explicou direitinho como deveria fazer, orientou, é uma assistência diferenciada”, diz o avicultor.

Pandemia
Diego Damasceno ressalta que, no início da assistência técnica, encontrou os produtores de Água Branca com dificuldades para conseguir insumos, por conta das barreiras sanitárias adotadas como forma de combater a pandemia de Covid-19. “Eles não podiam passar para conseguir ração, bebedouro, comedouro, até mesmo vacinação. Algumas coisas eu consegui trazer para facilitar a vida deles e ajudar a desenvolver a avicultura em Água Branca”, conta o zootecnista e técnico de campo do Senar Alagoas.

Senar Alagoas mobiliza novas turmas de assistência técnica e gerencial

Cerca de 210 famílias produtoras devem ser atendidas, pelo Agronordeste ou por programas do próprio Senar

Maria Eduarda Xavier
Estagiária sob supervisão

Durantes as três primeiras semanas deste mês de agosto, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar Alagoas – realizou reuniões com lideranças, sindicatos e secretários de Agricultura em seis municípios do estado, para organizar e mobilizar novas turmas de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG. Cerca de 210 novas famílias produtoras devem receber o apoio dos técnicos de campo nos próximos dois anos, seja pelo Agronordeste ou por programas específicos do Senar.

Entre os municípios beneficiados estão Palmeira dos Índios (duas turmas de fruticultura), Viçosa (uma turma de fruticultura), Anadia (uma turma de fruticultura), Traipu (uma turma de bovinocultura de leite), Craíbas (uma turma de bovinocultura de leite) e Girau do Ponciano (uma turma de bovinocultura de leite). À exceção de Palmeira, que está em fase de diagnóstico, os demais municípios possuem previsão para o início da assistência na primeira semana de setembro.

“Todo o trabalho em realizado em cima de estudos e planejamentos da área assistida, por meio dos técnicos de campo credenciados e capacitados para a ATeG. Alguns produtores rurais são escolhidos de acordo com as demandas do programa AgroNordeste, outros são os mobilizadores locais que nos procuram”, explica Sidney Rocha, supervisor de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Alagoas.

As reuniões de mobilização seguem todas as normas e medidas de prevenção ao Covid-19 preconizadas pelas autoridades públicas de Saúde.